Artigo escrito no Jornal Voz Portucalense, por Joaquim Armindo

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NOVA EVANGELIZAÇÃO

 

Recordo-me que o insigne Professor Paulo Freire, da Universidade de S. Paulo, Brasil, e autor do excelente livro “Pedagogia do Oprimido”, se referia às questões do “ensinar”, com estas palavras “Ninguém ensina ninguém, nós é que nos ensinamos uns aos outros”.

Tenho sempre uma tendência em lembrar-me destas palavras, quando falamos em “Evangelização”, e a minha tentação é saber se são, ou não, os confessadamente ateus, agnósticos, e, principalmente, os indiferentes, que ensinam aos cristãos, o que se traduz em Evangelizar, e, sobretudo, na Nova Evangelização. E na deambulação dos meus pensamentos, corro os riscos se não serão eles, que nos estão a evangelizar. E interrogo-me se não estarei a ser herege, ao ousar pensar assim.

Mas sendo ou não herege, o facto é que, com a maior consideração que me merecem os ateus, agnósticos e indiferentes, são eles, e digo felizmente, que me abrem os olhos, qual dom do Espírito?, sim, com a lama que Jesus amassou, para verificar que nós os cristãos, os baptizados, os que possuem a iniciação cristã, somos os maiores responsáveis, pela ação ou omissão, que traduzimos essa indiferença, a falta de fé, os maiores contra exemplos do que foi, e é, Jesus de Nazaré. Não me estou a autoflagelar, não senhor! O excelente livro “Ensaio sobre a Autoflagelação”, de Boaventura Sousa Santos, de ler obrigatoriamente, situou-me no ponto impossível, de o fazer.

Estou a pensar, isso sim, de como atua o Espírito do Senhor, quando e em quem quer, e a Nova Evangelização, é fortemente para nós, os cristãos, que já nem do Domingo, fazemos o Dia do Senhor, uma urgência sem par. É o exemplo de cada um de nós, a praxis, e deixem-me dizê-lo, incubados dentro das portas dos templos, de todos os que existem, e dos outros que fazemos ao nosso redor, os maiores responsáveis, porque ainda não fomos tocados pela Palavra do Senhor, quanto temos de “bater com a mão no peito”, por não termos proclamado à humanidade a Palavra, e esta pelas atitudes, pelos gestos, pela nossa camuflada indiferença. Na Nova Evangelização, que tarda em se fazer sentir, recolhamos os ensinamentos de tantos ateus e agnósticos, e até dos indiferentes, que é feroz, para sabermos proclamar a Palavra do Senhor. São eles, com todo o respeito, que nos fazem sentir a necessidade de sermos evangelizados, e nos deixarmos evangelizar, como servos inúteis, duma inutilidade tão grande, que pensamos que o não somos.

Tarda evangelizar os cristãos, tarda a Nova Evangelização.

 

Joaquim Armindo

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